Notícias científicas sobre os adoçantes sem ou de baixas calorias (Parte B): eventos científicos de 2021 em revista

Destaques:

  • Dados de estudos recentemente publicados realizados na Argentina, Chile e Peru mostram que os níveis de ingestão de adoçantes sem ou de baixas calorias estão abaixo das suas respectivas Doses Diárias Admissiveis (DDA).
  • Os peritos científicos sugerem que as provas colectivas apoiam a afirmação de que quando são utilizados no lugar do açúcar, os adoçantes sem ou de baixas calorias podem ajudar no controlo e gestão do peso.
  • Novas meta-análises apresentadas num congresso científico este ano concluiram que a substituição de bebidas açucaradas por bebidas com adoçantes sem ou de baixas calorias mostra benefícios em factores de risco cardiometabólicos.

 

Em 2021, uma nova realidade foi moldada em relação ao formato dos eventos científicos. Os eventos híbridos tornaram-se populares, permitindo a participação tanto presencial como online, enquanto que os webinars científicos continuavam a despertar interesse e elevada participação. A ISA participou, organizou e apoiou eventos científicos organizados em colaboração com organizações científicas relevantes de todo o mundo.

Webinar da ISA-FDC: “Adoçantes sem ou de baixas calorias no actual debate sobre saúde pública: Da segurança à eficácia”

Num webinar organizado pela Associação Internacional de Adoçantes (ISA) e pela Federação Colombiana de Diabetologia (FDC), oradores académicos convidados falaram sobre os níveis de ingestão, segurança e os efeitos na saúde dos adoçantes sem ou de baixas calorias. São de destacar os resultados de um estudo publicado recentemente por Barraj et al (2021) sobre a avaliação da ingestão de adoçantes sem ou de baixas calorias em três países da América Latina e que foram apresentados pela primeira vez neste webinar. Os resultados do estudo mostraram que os consumos estimados dos seis edulcorantes mais utilizados estavam abaixo das repectivas Doses Diárias Admissiveis (DDA) na Argentina, Chile e Peru, mesmo quando se aplicavam os pressupostos mais conservadores.1

Poderá assistir ao webinar sobre “Adoçantes sem ou de baixas calorias no actual debate sobre saúde pública: Da segurança à eficácia” (em espanhol), ao clicar aqui: https://www.sweeteners.org/pt/online-education/isa-fdc-webinar-low-no-calorie-sweeteners-in-the-current-public-health-debate-from-safety-to-efficacy-spanish-4/

Workshop SFN: “Adoçantes sem ou de baixas calorias e a redução do açúcar”

Num artigo publicado na revista científica Cahiers de Nutrition et de Diététique2, os autores resumiram os resultados de uma série de três webinars científicos organizados pela Sociedade Francesa de Nutrição (Société Française de Nutrition – SFN) em Fevereiro de 2021, e que foram apoiados pela ISA. Os autores explicaram que alguns indivíduos podem ver um benefício modesto mas significativo no contolo e gestão do peso quando utilizam adoçantes sem ou de baixas calorias em vez de açúcares, mas isto depende em grande medida dos seus hábitos alimentares globais e principalmente do nível de substituição do açúcar. Por exemplo, a utilização de adoçantes sem ou de baixas calorias pode ser útil na redução do consumo excessivo de açúcar, especialmente em consumidores de elevado nível de açúcar. Na prática clínica é recomendada uma abordagem caso a caso.

Pode assistir aos três webinars sobre “Adoçantes sem ou de baixas calorias e a redução do açúcar” no website da SFN (em francês), ao clicar aqui: https://sf-nutrition.fr/2020/12/15/workshop-isa-sfn-edulcorants-et-reduction-de-sucre-02-16-23-fevrier-2021/

Relatório do simpósio organizado no âmbito da conferência FENS

Num outro artigo científico publicado no início do ano no Journal of Nutritional Science, Gallagher e os seus colegas discutiram os principais resultados de um simpósio científico apoiado pela ISA, organizado no âmbito da 13.ª Conferência Europeia sobre Nutrição (Federation of Nutritional Societies – FENS).3 Os autores discutiram a utilização de adoçantes sem ou de baixas calorias no contexto das políticas de redução do açúcar. Tal como indicado pelas autoridades de saúde pública, como por exemplo a Public Health England, para alcançar a redução de açúcar recomendada, é necessária a implementação de uma série de estratégias de saúde pública, incluindo a redução do tamanho das porções, a promoção de escolhas alimentares mais saudáveis e a reformulação de alimentos e bebidas. Os adoçantes podem ajudar na reformulação dos produtos alimentares, uma vez que permitem substituir o açúcar e reduzir as calorias em alimentos e bebidas, mantendo ao mesmo tempo o sabor doce.

Adoçantes sem ou de baixas calorias e a saúde cardiometabólica: um tema emergente de investigação

Provas de revisões sistemáticas e meta-análises sobre os adoçantes sem ou de baixas calorias e a saúde cardiometabólica foram apresentadas no 7.º Congresso Internacional de Nutrição do Dubai (DINC) 2021, que decorreu de 4 a 6 de novembro de 2021. Uma meta‑análise em rede de 14 ensaios controlados e aleatorizados (RCT) concluiu que com a substituição pretendida do açúcar por edulcorantes, ou seja, quando se consegue uma redução calórica, houve um benefício na diminuição do peso corporal e da gordura corporal, bem como benefícios cardiometabólicos, tais como uma redução da gordura hepática.4

Outra meta-análise de 12 estudos de coorte prospectivos mostrou que a substituição de bebidas açucaradas por bebidas com adoçantes sem ou de baixas calorias está associada a reduções no peso corporal, circunferência abdominal, incidência de doenças coronárias, mortalidade por doenças cardiovasculares, e de mortalidade por todas as causas.5 No entanto, os autores assinalam que uma meta-análise de dados observacionais proporciona uma qualidade de evidências inferior devido às limitações do desenho do estudo observacional.

Os autores destes estudos acrescentam que há necessidade de estudos adequados ou melhor controlados sobre este tema emergente, mas também observaram que há vários ensaios em curso que analisam o papel dos adoçantes sem ou de baixas calorias na saúde cardiometabólica e que em breve podem proporcionar novas evidências.

Para mais notícias científicas sobre os adoçantes sem ou de baixas calorias, convidamos a ler também o artigo Notícias científicas sobre os adoçantes sem ou de baixas calorias (Parte A): 2021 em revista que apresenta um resumo dos principais resultados de estudos científicos interessantes que foram publicados em 2021.

Esperamos que tenha gostado de ler mais um artigo sobre os principais eventos que decorreram em 2021. Do nosso lado, continuamos empenhados em continuar a trazer-lhe as últimas e principais notícias científicas em torno dos adoçantes sem ou de baixas calorias durante o próximo ano, e desejamos-lhe um feliz e saudável 2022!

  1. Barraj L, Bi X, Tran N. Screening level intake estimates of low and no-calorie sweeteners in Argentina, Chile and Peru. Food Additives & Contaminants: Part A. 2021;38(12):1995-2011. doi: 10.1080/19440049.2021.1956692. Epub 2021 Aug 30.
  2. Morio B. and Guy-Grand B. Édulcorants et réduction du sucre. Synthèse du workshop de laSFN en partenariat avec l’International Sweeteners Association (ISA) donné en trois webséries du 02/02 au 23/02/2021. Cahiers de Nutrition et de Diététique 2021. https://doi.org/10.1016/j.cnd.2021.04.001
  3. Gallagher AM , Ashwell M, Halford JCG, Hardman CA, Maloney NG and Raben A. Low-calorie sweeteners in the human diet: scientific evidence, recommendations, challenges and future needs. A symposium report from the FENS 2019 conference. Journal of Nutritional Science 2021; 10:E7. doi:10.1017/jns.2020.59
  4. McGlynn et al (submitted article). Network Meta-analyses of Artificially Sweetened Beverages and Cardiometabolic Risk. ClinicalTrials.gov Identifier: NCT02879500
  5. Lee et al (article under review). Meta-analysis of Low-calorie Sweetened Beverages and Cardiometabolic Outcomes. ClinicalTrials.gov Identifier: NCT04245826