Adoçantes sem ou de baixas calorias: o seu papel na redução de calorias e no controlo e gestão da diabetes

Notícias científicas da 13.ª Conferência Europeia sobre Nutrição (FENS 2019)

Conferência FENS 2019 – Dublin, 16 de outubro: À medida que as taxas de obesidade continuam a aumentar em todo o mundo, a redução de calorias e de açúcar tornou-se prioritária na saúde pública, os adoçantes sem ou de baixas calorias podem ser uma ferramenta útil na reformulação de alimentos uma vez que eles permitem substituir o açúcar e reduzir calorias em alimentos e bebidas, mantendo o prazer do sabor doce. Reconhecendo o papel dos adoçantes sem ou de baixas calorias nesse contexto, bem como o crescente interesse científico em relação ao papel que eles podem desempenhar na gestão e controlo do peso e da diabetes, a Associação Internacional de Adoçantes (ISA) organizou o simpósio “Adoçantes de baixas calorias na alimentação humana: evidências científicas e recomendações sobre o seu uso e os seus benefícios” no âmbito da 13.ª Conferência Europeia sobre Nutrição (FENS 2019), que se realiza de 15 a 18 de outubro em Dublin (Irlanda).

Ao apresentar os resultados de um estudo1, o Prof. Jason Halford, Universidade de Liverpool (Reino Unido), destacou o papel útil das bebidas sem ou de baixas calorias, pois permitem que os consumidores que procuram reduzir ou gerir a ingestão de calorias, continuem a desfrutar de uma alimentação saborosa. Deste modo, eles também permitem que as pessoas alinhem dois objetivos potencialmente antagónicos, neste caso comer com prazer e o controlo bem-sucedido do peso. Além disso, este estudo constatou que os consumidores frequentes podem usar bebidas sem ou de baixas calorias como uma estratégia bem-sucedida para controlar a ingestão de alimentos – e, portanto, de calorias – quando estão em estado de desejo. Do ponto de vista psicológico, a disponibilidade de bebidas dietéticas também permitiu que esses consumidores se sentissem mais no controlo e menos culpados pelo que estavam a comer. Leia mais sobre os resultados deste estudo no nosso artigo relativo a “Bebidas com baixas calorias ajudam a controlar os desejos por comida?” disponível aqui.

Introduzida na apresentação pelo Prof. Halford, a Prof.ª Anne Raben, Universidade de Copenhaga (Dinamarca), partilhou os resultados de revisões sistemáticas abrangentes e meta análises publicadas nos últimos anos. O que de facto sugere que a utilização de adoçantes sem ou de baixas calorias pode levar a uma ingestão calórica relativamente reduzida, e por sua vez no peso corporal, em comparação com o açúcar, tanto em adultos como em crianças.2 Os resultados mostram ainda que os adoçantes sem ou de baixas calorias não afetam o controlo da glicose no sangue.3,4 O benefício de consumir alimentos / bebidas que contêm adoçantes sem ou de baixas calorias em vez de açúcar, na medida em que induz um menor aumento da glicemia após o seu consumo, em comparação com alimentos / bebidas que contêm açúcar, também é reconhecido numa opinião científica da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e é considerada uma alegação de saúde autorizada no Registo da UE de alegações nutricionais e de saúde.5

No âmbito das recomendações das autoridades de saúde pública em todo o mundo para reduzir a ingestão de açúcares, a fim de diminuir o risco e a prevalência da obesidade,6 Dr.ª Margaret Ashwell OBE, Ashwell Associates (Reino Unido), apresentou os resultados de um workshop de consenso sobre adoçantes sem ou de baixas calorias que decorreu em novembro de 2018. Ela enfatizou o papel útil que os adoçantes sem ou de baixas calorias podem desempenhar nas abordagens alimentares para ajudar na prevenção e gestão da diabetes e obesidade, se usados como parte de uma alimentação saudável e equilibrada e de um estilo de vida saudável. Do ponto de vista político, os especialistas que participaram do workshop sugeriram a necessidade de ajudar a reconciliar discrepâncias políticas, ao procurar um entendimento comum do papel dos adoçantes sem ou de baixas calorias na alimentação por parte de decisores políticos, cientistas e especialistas em regulamentação. Também seria útil rever os obstáculos regulatórios que impedem o desenvolvimento e a reformulação de produtos destinados a reduzir açúcares e calorias , destacam os especialistas.

Para obter mais informações sobre o simpósio da ISA e os estudos apresentados nesta ocasião, convidamos a ler o artigo específico, mais detalhado, que está disponível no site da ISA aqui. Para ler mais sobre a participação da ISA no FENS 2019, por favor clique aqui.

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  1. Maloney NG, Christiansen P, Harrold JA, Halford JCG, Hardman CA. Do low calorie sweetened beverages help to control food cravings? Two experimental studies. Physiology & Behaviour 2019; 208: 112500
  2. Rogers PJ, Hogenkamp PS, de Graaf C., et al. Does low-energy sweetener consumption affect energy intake and body weight? A systematic review, including meta-analyses, of the evidence from human and animal studies. Int. J. Obes. 2016; 40: 381–394
  3. Nichol AD, Holle MJ, An R. Glycemic impact of non-nutritive sweeteners: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Eur J Clin Nutr 2018; 72: 796-804
  4. Tucker RM, Tan SY. Do non-nutritive sweeteners influence acute glucose homeostasis in humans? A systematic review. Physiol Behav 2017; 182: 17-26
  5. The European Food Safety Authority (EFSA) has concluded that: “Consumption of foods/drinks containing intense sweeteners instead of sugar induces a lower blood glucose rise after their consumption compared to sugar-containing foods/drinks”. EFSA Scientific opinion on the substantiation of health claims related to intense sweeteners. EFSA 2011 Journal 9(6): 2229, and 9(4): 2076
  6. Public Health England (PHE) 2015. Sugar reduction: The evidence for action. Annexe 5: Food Supply. Available online at: https://www.gov.uk/government/uploads/system/uploads/attachment_data/file/470176/Annexe_5._Food_Supp…