Sumário
A possível relação entre adoçantes com baixo teor de calorias e resultados perinatais mais desfavoráveis, em particular, parto prematuro e baixo peso ao nascer, foi originalmente estabelecida em 2010 por Halldorsson et al, a partir de um estudo baseado no Danish National Birth Cohort (1996-2002). Um outro estudo publicado em 2012 por Englund-Ogge et al. também examinou a possível relação entre as bebidas com baixas calorias e bebidas açucaradas e o parto prematuro, utilizando dados de 60.761 mulheres no coorte do Estudo Norueguês da Mãe e da Criança (1996-2002).
Neste comentário, Carlo La Vecchia apresenta as limitações de ambos os estudos. Especificamente, no estudo dinamarquês de Halldorsson et al. (2010), o relatório original apresentou os resultados estratificados somente pelas bebidas gaseificadas e não gaseificadas e atribuiu um risco relativo (RR) de 1,78 aos consumidores de ? 4 doses / dia de “refrigerantes gaseificados artificialmente adocicados”. Esta estimativa de RR foi, no entanto, baseada em apenas 27 casos (ou seja, menos de 1%), provavelmente uma sub-população selecionada. Este subgrupo pode ter outras características de base que influenciam o seu risco de parto prematuro, sendo ainda provável identificar alguns fatores de confusão residuais após análises multivariadas.
Em relação ao estudo norueguês de Englund-Ogge et al. (2012), as observações que compararam com os não consumidores de bebidas artificialmente adocicadas, o risco relativo (RR) foi de 1,01 para<1 dose/semana, 1.09 para 1-6 doses/semana, 1.20 para 1 dose/dia, 1.01 para 2-3 doses/dia e 1.12 para ? 4 doses/dia. A tendência de teste para a seleção não foi significativa (p = 0,053) e não houve relação linear dose-risco; isto é, o RR foi 1,01 para ambas as mulheres que relataram utilização esporádica (<1 dose/semana) e para aquelas que reportaram uma utilização regular de 2-3 bebidas/dia.
Adicionalmente, neste estudo, La Vecchia e a sua equipa reuniram as principais descobertas dos estudos dinamarqueses e noruegueses, utilizando técnicas padrão de análise de amostragem. Com base nas descobertas da meta-análise, não há evidência de que as bebidas com baixas calorias tenham impacto no parto prematuro em qualquer variação da das bebidas açucaradas.