No âmbito do 34º Simpósio Internacional sobre Diabetes e Nutrição, realizado entre 29 de junho e 1 de julho, cientistas e profissionais de saúde de todo o mundo reuniram-se em Praga para discutir e debater os desenvolvimentos científicos emergentes sobre o papel da dieta na prevenção e tratamento da diabetes.
Uma das sessões mais interessantes durante esta conferência de 3 dias, intitulada “Vida doce: Os adoçantes não-calóricos ajudam na luta contra a obesidade e diabetes?” e presidida pelo Dr. John Sievenpiper e Dr. Kjeld Hermansen, reuniu quatro cientistas e especialistas de renome nas suas áreas, que proporcionaram ao público uma discussão muito esclarecedora sobre adoçantes de baixas calorias e o seu papel contra a obesidade e a diabetes.
Na abertura da sessão, o Prof. Fred Brouns, da Faculdade de Saúde, Medicina e Ciências da Vida, Universidade de Maastricht (Holanda), apresentou os efeitos metabólicos e fisiológicos dos adoçantes calóricos e de baixas calorias e enfatizou que os seres humanos apresentam uma preferência inata pelo sabor doce, imediatamente identificável após o nascimento. Também analisou a associação entre o uso de adoçantes de baixas calorias e a obesidade e destacou que “a obesidade decorre de diversos fatores do estilo de vida, identificando-se diversas correlações em alguns estudos observacionais que originaram informação descontextualizada e a manchetes enganosas na comunicação social“. Este pode ser também o caso da relação encontrada em alguns estudos epidemiológicos entre os adoçantes de baixas calorias e a obesidade. Num exemplo muito ilustrativo, o Prof Brouns explicou que “as pessoas com excesso de peso devem beber água ou bebidas dietéticas em vez de bebidas com açúcar, de forma a reduzir o seu consumo de energia e, como resultado, observa-se uma correlação entre a obesidade e o consumo de água / bebidas dietéticas, o que claramente é um caso de causalidade inversa“.
Por sua vez, o Prof. Peter Rogers, Professor de Psicologia Biológica na Universidade de Bristol (RU), apresentou à audiência a sua análise sistemática e meta-análise recentemente publicada no International Journal of Obesity, que analisa os efeitos do consumo de adoçantes de baixas calorias na ingestão de energia e no peso corporal. Esta análise sistemática de Rogers et al. mostra que os alimentos e bebidas adoçados com adoçantes de baixas calorias em vez de açúcar, contribuem para a redução da ingestão de energia, ajudando assim na perda e manutenção de peso.
Conforme destacado pelo Prof. Rogers, que também apresentou alguns dados preliminares não publicados de estudos atualmente em curso em humanos, examinando o efeito de bebidas dietéticas sobre o desejo de sabor doce e o consumo de alimentos doces, em comparação com a água e outras bebidas, “Contrariamente ao que os autores sugeriram, ensaios em humanos mostram quea exposição ao doce com o uso de adoçantes de baixas calorias, tende a reduzir o desejo das pessoas por gosto doce e, de facto, satisfaz esta necessidade, diminuindo potencialmente o consumo de produtos açucarados.”
Por último, mas certamente não menos importante, O Dr. James O. Hill, Diretor da Unidade Clínica de Nutrição do Colorado (USA), abordou o tópico do papel dos adoçantes de baixas calorias na perda e manutenção de peso, como parte dos resultados extraídos de um estudo clínico desenvolvido pela sua equipa e publicados no jornal Obesity. De acordo com os resultados do estudo, as pessoas que costumavam consumir bebidas dietéticas e mantiveram esse comportamento durante o programa de perda e manutenção de peso de um ano, perderam mais peso durante o período de perda de peso de 12 semanas e, mais importante, mantiveram mais o peso perdido às 52 semanas, em comparação com os participantes que foram autorizados a beber apenas água. Uma vez que a manutenção do peso é uma tarefa muito exigente, estes resultados podem ter ainda maior relevância, uma vez que a diferença mais significativa entre os dois grupos foi observada durante o período de manutenção de peso, o que pode significar que o papel benéfico das bebidas de baixas calorias pode ser maior na manutenção de perda de peso a longo prazo.
O Dr Hill envolveu o seu discurso afirmando que “um grande número de estudos em seres humanos bem conduzidos não mostram nenhum efeito negativo dos adoçantes de baixas calorias no controlo e gestão e manutenção de peso. Devemos ter certeza de que os adoçantes com baixas calorias podem ajudar na perda de peso, quando usado como parte de um programa intencional de gestão de peso“.
No âmbito do painel de discussão após a sessão referida anteriormente, todos os oradores concordaram que “há pesquisas de alta qualidade em seres humanos que afirmam consistentemente o papel útil dos adoçantes de baixas calorias no controlo e gestão de peso“.
Pode também ler o comunicado de imprensa da ISA sobre esta sessão aqui e ler mais sobre o 34º Simpósio Internacional sobre Diabetes e Nutrição e a participação da ISA aqui .