Organizada a cada quatro anos, a 12.ª Conferência Europeia de Nutrição da FENS decorreu em Berlim, entre 20 e 23 de outubro. É com enorme prazer que a ISA participou neste evento, onde organizou um simpósio sob um tema muito atual: “Doce: a ciência subjacente à preferência pelo sabor doce, efeito no apetite, controlo de peso e qualidade da dieta”. Esta sessão, presidida pelo Prof. Dr. Fred Brouns (Universidade de Maastricht, Holanda), teve lugar a 20 de outubro e foi conduzida por especialistas de renome nos campos da psicologia, nutrição e ciências comportamentais!
- A DR.ª FRANCE BELLISLE, DA UNIVERSIDADE DE PARIS 13, FRANÇA, QUE ABORDOU O APETITE PELO SABOR DOCE E A INGESTÃO CALÓRICA, COM FOCO NOS AÇÚCARES E ADOÇANTES DE BAIXAS CALORIAS NA DIETA DO CONSUMIDOR;
- O PROF. PETER ROGERS, DA UNIVERSIDADE DE BRISTOL, REINO UNIDO, ANALISOU OS EFEITOS DO CONSUMO DOS ADOÇANTES DE BAIXAS CALORIAS NO APETITE E NO CONTROLO DE PESO;
- SIGRID GIBSON, DA SIG-NURTURE LTD. GUILDFORD, REINO UNIDO, APRESENTOU DADOS DE UMA NOVA ANÁLISE DOS DADOS DO REINO UNIDO QUE COMPARA A INGESTÃO DE ALIMENTOS E NUTRIENTES EM ADULTOS QUE CONSUMIRAM DIFERENTES TIPOS DE REFRIGERANTES, INCLUINDO BEBIDAS DE BAIXAS CALORIAS E REFRIGERANTES AÇUCARADOS.
SAIBA MAIS SOBRE OS ORADORES E LEIA SOBRE O SIMPÓSIO,aqui.
Para ler comunicado de imprensa da ISA sobre este simpósio, por favorclique aqui.
SOBRE O PROF. DR. FRED BROUNS
Prof. Dr. Fred Brouns
Presidente da “Health Food Innovation”, Universidade de Maastricht, Holanda
O Prof. Dr. Fred Brouns estudou ciências de treino e desporto (Amsterdão e Bruxelas), e ciências biomédicas na Universidade de Maastricht, na Holanda. Obteve um Doutoramento na Universidade de Maastricht em Fisiologia do Exercício Humano, com especialização em Fisiologia do Exercício e Nutrição. O Prof. Brouns dirigiu os departamentos R&D na Divisão de dieta da Wander-Holanda, Sandoz Nutrição-Suiça, Novartis Nutrição-Suiça, Eridania Behin Say-Bélgica, Cerestar- Bélgica, Cargill Inc-EUA e recebeu prémios de investigação, incluindo o prémio holandês de medicina desportiva para Estudos da Volta à França, dois prémios de inovação da Cargill e Prémio dourado da Health Ingredients Europe (HIE) para estudos de isomaltulose. O Prof. Brouns foi também presidente da IDACE Paris, ILSI Europa e da Dutch Academy Nutritional Sciences; obteve bolsas do Colégio Americano de Medicina Desportiva, Colégio Europeu de Ciências do Desporto, ICC Cereal Sciences Academy, e foi eleito membro da Sociedade de Nutrição do Reino Unido e Academia de Ciências Nutricionais da Holanda (NAV). Atualmente, o Prof. Brouns é Professor a tempo inteiro de “Inovação de alimentos saudáveis” na Universidade de Maastricht. O seu foco de pesquisa são os hidratos de carbono, açúcares, fibras, grãos integrais, digestão, absorção, função intestinal relacionada com doenças crónicas, Obesidade, Diabetes, Doenças Cardiovasculares (DCV).
SOBRE A DR.ª FRANCE BELLISLE
Dr. France Bellisle
Epidemiologia Nutricial, Universidade de Paris 13, França
Após a obtenção de diplomas em psicologia experimental em universidades canadianas e francesas, dedicou sua carreira a investigações originais no campo dos comportamentos de ingestão humana. Os seus interesses de pesquisa incluem todos os tipos de determinantes da ingestão de alimentos e líquidos nos consumidores humanos, incluindo fatores psicológicos, sensoriais e metabólicos, bem como influências ambientais. Em particular ela investigou os mecanismos psicopatológicos do controlo do peso corporal e os fatores que, desde o início da vida, afetam a obesidade em crianças. Publicou mais de 250 artigos (dados originais e avaliações) em publicações internacionais revistas pelos pares e contribuiu para vários livros.
Resumo
O Apetite Humano pelo Doce desde o início da vida até à idade adulta, escolhas alimentares e controlo de peso O doce é um estímulo psicobiológico potente para muitas espécies animais, incluindo consumidores humanos de todas as idades. Os recém-nascidos humanos apresentam uma atração inata por substâncias doces, manifestada por aceitação ansiosa e um reflexo estereotipado de relaxamento e sorriso. Respostas semelhantes foram reportadas em fetos humanos no final da gestação, quando os recetores de sabor na boca se tornam funcionais. À semelhança do que ocorre noutras espécies, o apetite pelo sabor doce diminui espontaneamente durante o crescimento e as preferências dos adultos humanos variam, em grande medida, na intensidade de doce preferido numa ampla gama de bebidas e alimentos [1]. A poderosa atração dos consumidores humanos por substâncias de paladar doce é um forte determinante das preferências e do consumo de alimentos [2]. Sugeriu-se que possa estimular o consumo excessivo e desempenhar, a longo prazo, um papel decisivo no aumento de peso. De facto, uma vez que os açúcares contêm 4 kcal por grama, o consumo de alimentos e bebidas contendo açúcar pode contribuir para uma ingestão excessiva de energia que induzirá o aumento de peso. Com o objetivo de permitir aos consumidores desfrutar do saboroso paladar doce de muitos alimentos e bebidas favoritas sem a carga energética do açúcar, foram desenvolvidos diversos agentes adoçantes intensos e de baixas calorias. Estas substâncias possuem diferentes estruturas físico-químicas, mas partilham um poder adoçante muito elevado em comparação com os açúcares, pelo que são usados em pequenas quantidades para conferir o desejado nível de sabor doce aos alimentos e bebidas, contribuindo sem ou baixas calorias para o produto final. No entanto, foi sugerido que estes produtos podem aumentar o apetite natural pelo doce e, paradoxalmente, estimular o consumo de outros produtos doces. A presente revisão aborda a literatura ciêntífica explorando os efeitos do apetite dos adoçantes de baixas calorias. Em particular, os estudos publicados nos últimos anos mostram como o uso de adoçantes baixas calorias afetará o apetite dos consumidores por todos os produtos doces. Também foram discutidas as condições que permitem o uso benéfico de adoçantes de baixas calorias em termos de controlo do peso corporal, conforme revelado pela literatura científica nos últimos 30 anos.
Leitura adicional
- Artigo da Drª Bellisle sobre Adoçantes Intensos, Apetite pelo Sabor Doce e Relação com a manutenção e gestão de Peso, publicado no Current Obesity Reports – acessível aqui.
- Manuscrito não editado da revisão feita pelo Prof. Rogers sobre o consumo de adoçantes de baixas calorias afeta a ingestão calórica e o peso corporal? Uma revisão sistemática, incluindo meta-análises, da evidência de estudos em humanos e animais, publicado no International Journal of Obesity – acessível aqui.
SOBRE O PROF. PETER ROGERS
Prof Peter Rogers
Escola de Psicologia Experimental, Universidade de Bristol, Reino Unido
O Professor Peter Rogers é licenciado em ciências biológicas e psicologia experimental pela Universidade de Sussex, Reino Unido (1972-1976). Completou o seu Doutoramento e pós-graduação na Universidade de Leeds no Reino Unido, mudando-se para o Institute of Food Research, Reading, Reino Unido em 1990. Na sua posição atual na Universidade de Bristol, Reino Unido (desde 1999), ensina psicologia biológica e dedica-se à investigação sobre nutrição e comportamento, incluindo trabalho sobre o apetite humano e controlo de peso, escolha de alimentos, efeitos dietéticos sobre o humor e função cognitiva e a psicofarmacologia da cafeína. É um psicólogo credenciado, Membro da Sociedade Britânica de Psicologia (British Psychological Society), e um nutricionista certificado.
Resumos
Os efeitos do consumo de adoçantes de baixas calorias no apetite e gestão e controlo do peso
A medida em que o consumo de adoçantes de baixas calorias pode beneficiar o controlo de peso, depende dos seus efeitos sobre o controlo do apetite. Ao reduzir a densidade de energia alimentar, os adoçantes de baixas calorias consumidos em vez dos açúcares, devem reduzir o consumo total de energia, desde que a “reserva” de energia consumida não seja totalmente compensada pelo aumento da ingestão calórica noutras partes da dieta. Estudos de curto prazo de “teste de refeição” em humanos, confirmam que o açúcar consumido em alimentos e bebidas não oferece compensação total. No entanto, é possível que outros efeitos do consumo de adoçantes de baixas calorias possa superar essa reserva. Sugeriu-se que o consumo de adoçantes de baixas calorias pode aumentar a ingestão calórica, por exemplo, aumentando o desejo pelo consumo de alimentos doces e confundindo a relação entre doce e conteúdo de energia alimentar. Em geral, a evidência favorece um benefício concreto do consumo de adoçantes de baixas calorias. São importantes dois tipos de descobertas em particular. Primeiro, os ensaios controlados aleatorizados mostram consistentemente uma redução relativa no peso corporal para o consumo de adoçantes de baixas calorias em comparação com o consumo de bebidas açucaradas. Os resultados foram semelhantes para os ensaios em que os produtos (com adoçantes de baixas calorias ou bebidas adoçadas com açúcar) foram adicionados à dieta e ensaios em que as bebidas com adoçantes de baixas calorias substituíram as bebidas adoçadas com açúcar equivalentes em consumidores frequentes de bebidas adoçadas com açúcar. Em segundo lugar, nos estudos com teste de pré-carga de refeição, os adoçantes de baixas calorias não aumentam de forma crítica a ingestão calórica em comparação com a água, e em estudos controlados aleatorizados, as bebidas com adoçantes de baixas calorias reduzem o peso corporal em comparação com a água. Os vários resultados resumidos acima são baseados numa recente revisão sistemática e meta-análise (Rogers, Hogenkamp, Graaf, Higgs, Lluch, Ness, Penfold, Perry, Putz, Yeomans e Mela, International Journal of Obesity, na imprensa), a partir do qual concluímos que “encontramos um volume considerável de evidências a favor do consumo de adoçantes de baixas calorias em vez do açúcar, para ajudar a reduzir a ingestão relativa de energia e o peso corporal, sem evidência nos muitos estudos de intervenção aguda e sustentada em seres humanos, de que os adoçantes de baixas calorias aumentam a ingestão calórica.’
Leitura adicional:
- Manuscrito não editado da revisão feita pelo Prof. Rogers sobre o consumo de adoçantes de baixas calorias afeta a ingestão calórica e o peso corporal? Uma revisão sistemática, incluindo meta-análises, da evidência de estudos em humanos e animais, publicado no International Journal of Obesity – acessível aqui.
SOBRE SIGRID GIBSON
Sigrid Gibson
Sig-Nurture Ltd. Guildford, Reino Unido
Sigrid Gibson é um nutricionista credenciado. Depois de se formar na Universidade de Cambridge (Ciências Naturais), passou um ano no Quénia no MRC/Tropical Institute of the Netherlands onde conduziu estudos de campo em antropometria e níveis de ferro antes de voltar a estudar na Universidade de Londres (Nutrição Humana). Juntou-se à administração pública (Ministério da Alimentação, desenvolvendo trabalho em investigações dietéticas, seguido de publicações no Milk Marketing Board, and Leatherhead Food Research. Nos últimos 20 anos, dirigiu a sua própria consultora, Sig-Nurture Ltd, que proporciona investigação e serviços de consultoria na área de nutrição e saúde. Os clientes incluem muitos dos principais fabricantes de alimentos e bebidas, bem como organizações sem fins lucrativos, departamentos governamentais e universidades. Sigrid publicou mais de 70 artigos de investigação revistos pelos pares, incluindo análises sistemáticas e meta-análises. Grande parte do seu trabalho envolve uma análise mais aprofundada dos dados do Reino Unido do National Diet and Nutrition Survey or Health. Os seus interesses especiais incluem padrões alimentares e obesidade, níveis e ingestão de micronutrientes, e métodos simples de triagem para a obesidade central e os riscos para a saúde.
SOBRE A FENS
A Federação Europeia de Sociedades de Nutrição (FENS) é uma federação sem fins lucrativos composta por 26 sociedades europeias de Nutrição, cada uma representando um país. Para saber mais sobre a FENS, visite o siteaqui. O principal evento da FENS é a Conferência Europeia de Nutrição, organizada a cada 4 anos. A 12.ª Conferência realizou-se em Berlim em 2015, entre 20 e 23 de outubro. Sob o tema “Nutrição e saúde ao longo do ciclo de vida – Ciência para o consumidor europeu”, esta conferência visou divulgar informações atualizadas, obtidas com rigor científico, que possam encorajar e ajudar os cidadãos e consumidores europeus a manter uma vida bem sucedida e saudável em todas as faixas etárias. Para mais informações sobre este evento, visite o site dedicado da conferência aqui.