Novidades científicas sobre adoçantes de baixas calorias apresentadas no maior evento científico sobre nutrição a nível global

Destaques do 21.º Congresso Internacional de Nutrição

Destaques:

  • A evidência sustenta a utilização de adoçantes de baixas calorias como meio para reduzir a ingestão de calorias e de açúcar no âmbito de uma alimentação equilibrada, de acordo com os resultados da recente reunião do Consenso.
  • O novo estudo de intervenção de 4 semanas revela que não há qualquer impacto do consumo diário de bebidas com adoçantes de baixas calorias durante as refeições no apetite e na ingestão de alimentos.
  • O novo ensaio clínico de 6 meses não encontrou efeitos negativos dos adoçantes de baixas calorias na sensibilidade à insulina e em marcadores de risco para a diabetes tipo 2.

Os mais recentes dados científicos disponíveis sobre os adoçantes de baixas calorias foram um dos tópicos mais interessantes apresentados no 21.º Congresso Internacional de Nutrição (ICN) deste ano que decorreu em Buenos Aires (Argentina) de 15 a 20 de outubro de 2017. No geral, os profissionais de nutrição de todo o mundo aguardavam com expectativa a apresentação das descobertas científicas mais recentes que os especialistas em alimentação e nutrição iam revelar no ICN, um dos maiores eventos científicos sobre alimentação e nutrição em todo o mundo organizado pela União Internacional de Ciências Nutricionais (IUNS) a cada quatro anos. Portanto, reunir no 21.º IUNS-ICN os principais especialistas em adoçantes de baixas calorias para apresentar os mais recentes dados sobre esta área científica é do maior interesse para cientistas e profissionais de saúde e nutrição em todo o mundo.

As conclusões provenientes de novos ensaios clínicos randomizados sobre o efeito dos adoçantes de baixas calorias no apetite e ingestão calórica, bem como na sensibilidade à insulina e na diabetes tipo 2, e os dados recentes de análises sistemáticas sobre o papel dos adoçantes de baixas calorias no controlo de peso e uma perspetiva geral das últimas evidências sobre a utilização, papel, benefícios e segurança dos adoçantes de baixas calorias foram também apresentados durante dois simpósios científicos que suscitaram grande interesse e a afluência de um público numeroso, bem como a apresentação de pósteres no contexto do 21.º Congresso Internacional de Nutrição, que são brevemente discutidos neste artigo.

Para obter informações mais detalhadas sobre os tópicos e os oradores das sessões científicas sobre adoçantes de baixas calorias no 21.º IUNS-ICN, visite a página criada para o efeito no site da ISA ao clicar aqui.

Novo ensaio clínico confirma que não há qualquer efeito no apetite da ingestão de bebidas com adoçantes de baixas calorias

Na apresentação de um póster realizado pelo Dr. Marc Fantino, foram mostrados os resultados de um novo ensaio clínico randomizado efetuado em 164 adultos saudáveis e de peso normal, no qual demonstrou-se que, quando comparado com a água, o consumo crónico e a longo prazo de bebidas com adoçantes de baixas calorias às refeições durante 4 semanas não afeta a ingestão alimentar e o apetite, nem aumenta a ingestão calórica ou de macronutrientes. Além disso, a seleção e o consumo de alimentos doces não foram diferentes entre a bebida dietética e os grupos de controlo (água), confirmando o facto que a ingestão de adoçantes de baixas calorias não conduz a um aumento da preferência e do consumo de produtos de sabor doce. De destacar, que isto foi confirmado tanto para os indivíduos que eram consumidores regulares de bebidas dietéticas como para não consumidores de adoçantes de baixas calorias, mesmo após um período de habituação de 4 semanas para a ingestão diária de adoçantes de baixas calorias.

Os adoçantes de baixas calorias não têm efeito na sensibilidade à insulina, de acordo com as conclusões de um novo ensaio de longo prazo

Ao apresentar os mais recentes dados sobre adoçantes de baixas calorias e o estado atual da investigação em relação ao seu efeito no controlo de peso, a Prof.ª Anne Raben da Universidade de Copenhaga (Dinamarca), anunciou os resultados de um novo ensaio clínico randomizado realizado por Sara Engel et al. (European Journal of Clinical Nutrition, aceite para publicação) em 60 pessoas com excesso de peso e obesidade, que visa comparar o efeito de uma ingestão diária durante 6 meses de 1 litro de bebida com adoçantes de baixas calorias, de água, de leite com baixo teor de gordura e de refrigerantes açucarados na sensibilidade à insulina e de lipídios no sangue. De salientar que este ensaio clínico randomizado de longo prazo descobriu que não houve diferença entre os diferentes grupos de bebidas no índice de resistência à insulina após 6 meses de consumo contínuo. Além disso, e no que se refere aos efeitos de lipídios no sangue, o consumo diário de refrigerantes açucarados provocou níveis mais altos de colesterol total e triglicéridos no sangue em comparação com as bebidas com adoçantes de baixas calorias.

As conclusões deste novo ensaio clínico randomizado são de grande importância, uma vez que as alegações dos estudos realizados em animais que suportam que a ingestão de adoçantes de baixas calorias a longo prazo pode contribuir para a resistência à insulina e, portanto, para a diabetes tipo 2 é mais uma vez rejeitada em seres humanos. Pelo contrário, este ensaio confirma que os adoçantes de baixas calorias não afetam a sensibilidade à insulina e não têm impacto nos marcadores de risco para a diabetes tipo 2 em adultos com excesso de peso e obesidade, que frequentemente consomem os adoçantes de baixas calorias no seu esforço para gerir e reduzir o consumo de açúcar ou de calorias.

Resultado da reunião do Consenso sobre adoçantes de baixas calorias

Foram apresentados os resultados da reunião do Consenso Latino-Americano realizada em julho de 2017 em Lisboa no que diz respeito à utilização, segurança, papel e benefícios dos adoçantes sem e de baixas calorias, pelo Prof. Lluís Serra-Majem, Universidade de Las Palmas de Gran Canaria (Espanha) num simpósio científico organizado pela Fundação para a Investigação Nutricional (FIN) e pela Fundação Espanhola de Nutrição (FEN), no âmbito do 21.º Congresso Internacional de Nutrição.

Os especialistas que participaram nesta reunião enfatizaram o facto de que é da maior importância para os consumidores poderem encontrar informações credíveis e baseadas em evidências científicas sobre a utilização de adoçantes de baixas calorias, especialmente tendo em conta as múltiplas fontes de informações pouco fidedignas, que se encontram principalmente online e em redes sociais, e que facultam informações imprecisas e enganosas sobre questões de nutrição e saúde, incluindo a ciência dos adoçantes de baixas calorias. Portanto, a publicação e comunicação ao público de um documento de Consenso que apresenta o estado da arte em relação a evidências concludentes sobre a utilização de adoçantes de baixas calorias pode ajudar a aproximar a ciência dos consumidores.

Para obter mais informações sobre o simpósio científico organizado pela Fundação para a Investigação Nutricional (FIN) e pela Fundação Espanhola de Nutrição (FEN), leia as notícias ao clicar aqui.

Atualização sobre saúde e segurança dos adoçantes de baixas calorias

No simpósio científico organizado pelo Instituto Internacional de Ciências da Vida (ILSI), o Prof. Peter Rogers, da Universidade de Bristol (Reino Unido), o Prof. Xavier Pi-Sunyer, do Centro Médico da Universidade de Columbia (EUA), o Dr. Ashley Roberts, da Intertek Regulatory & Scientific Consultancy (Canadá), e a Dr.ª France Bellisle, da Universidade de Paris (França), apresentaram elementos de prova em resposta às questões levantadas na imprensa em geral e pelos profissionais de saúde pública sobre os potenciais benefícios e a segurança dos adoçantes de baixas calorias.

Algumas das principais observações dos oradores desta sessão incluem:

  • Refutar as sugestões iniciais que os adoçantes de baixas calorias podem aumentar o apetite natural pelo sabor doce e, paradoxalmente, estimular o consumo de outros produtos doces (contendo açúcar). Os estudos de intervenção mostram que os adoçantes de baixas calorias saciam em vez de aumentar o apetite para produtos de sabor doce e ajudam a reduzir da ingestão de açúcar.
  • No geral, a evidência científica disponível mostra que os adoçantes de baixas calorias parecem ser úteis na redução da ingestão de calorias e, o mesmo é dizer, na gestão e controlo de peso.
  • Foram realizados ao longo dos anos um número considerável de ensaios clínicos com produtos com adoçantes de baixas calorias e a maioria mostrou que tinham um impacto reduzido ou nulo sobre os níveis de glicose no sangue durante os testes de curto e longo prazo.
  • Os adoçantes de baixas calorias estão entre os ingredientes alimentares mais amplamente estudados. A segurança de todos os aditivos alimentares, incluindo os adoçantes de baixas calorias, é avaliada por extensas revisões realizadas por autoridades reguladoras e comités, como por exemplo o Comité Misto FAO / OMS de Peritos no domínio dos Aditivos Alimentares (JECFA), a Agência Norte-Americana dos Medicamentos e da Alimentação (FDA), e a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA).

Para mais informações sobre o simpósio científico organizado pela ILSI North America e ILSI Europe, veja os resumos dos oradores ao clicar aqui.